Após o Golpe Militar de 1964 o movimento sindical teve sua estrutura orgânica abalada. O balanço para os trabalhadores (as) foi desolador, devido prisões, desaparecimentos, assassinatos, cassação de sindicalistas e intervenções em sindicatos, na ocasião da luta de resistência contra o regime.
Com muita sabedoria e unidade de ações, aos poucos, os obstáculos foram superados, vencidos e, uma década depois, a classe trabalhadora volta ao protagonismo político sindical com a onda grevista iniciada no ABC paulista que, depois como rastro de pólvora, se alastrou para todo País.
Combater, coibir, prevenir e eliminar a desigualdade social e a violência no ambiente de trabalho passou a fazer parte das pautas de reivindicações entregues aos patrões, nos períodos de campanhas salariais. Ou seja, a sociedade de consumo em que um bem material vale muito mais que uma vida ou trauma, passa a ser ideologicamente contestada.
Reestabelecida a democracia, a partir de 1985 os sindicatos passam a ser identificados com inúmeros Partidos Políticos e iniciam um processo de combate, tanto do opressor social como o opressor nacional, que ganha força após a eleição presidencial de 1989 no qual o Projeto Neoliberal, defendido por Fernando Collor de Mello, vence com o voto popular.
Desde a década de 1990, a indústria brasileira sofre com a “desindustrialização” em todas as regiões e quase todos os setores produtivos. Para se ter uma ideia da dimensão deste acontecimento, em 1986 a indústria representava 36% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Hoje, representa 10,9%. Só de 2008 a 2015 a queda foi de 10%.
Neste cenário, quanto mais se avança na competitividade intercapitalista, quanto mais se desenvolve a tecnologia concorrencial, maior é a desmontagem de inúmeros parques industriais que não conseguem acompanhar sua velocidade intensa. Pois quanto mais aumentam a competitividade e a concorrência inter-empresas e inter-potências políticas do capital, mais nefastas são suas consequências para a classe trabalhadora.
A ótica do neoliberalismo é a ótica do Estado Mínimo, de não ter políticas sociais, políticas públicas de saúde, educação e outras áreas prioritárias para a população de baixa renda. Neste sistema político, a desigualdade entre capital e trabalho é extremamente violenta.
A partir daí, a proposta vitoriosa de uma globalização econômica e produtiva passa a ditar as regras de um sistema produtor de mercadorias, que se encarregará de impor perversas transformações na vida de milhões de brasileiros (as), que só perceberão o quanto é nefasto este projeto de Estado Mínimo alguns anos depois, com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula).
Agora com a Reforma Trabalhista, o movimento sindical sofre outro golpe junto com todos aqueles que nada possuem além de sua força de trabalho, e que, frequentemente, vivem em condições miseráveis. Ficará difícil aceitar que os detentores do capital passem a se apropriar de um montante significativo da riqueza produzida sem que tenha trabalhado para isso.
As conquistas históricas dos trabalhadores (as) foram massacradas e o cenário recessivo da crise tende a piorar com as novas regras trabalhistas. Análise do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta que a reforma transformará um emprego formal em dois ou três informais. Será a “uberização” do trabalho.
Infelizmente o parlamento brasileiro agiu como fiel colaborador para que o Brasil se transforme eternamente província monetária dos Estados Unidos (EU). Ao movimento sindical, resta aglutinar forças e transformar a indignação em resistência nos locais de trabalho contra estes ataques aos direitos sociais e trabalhistas.
O caminho parte em direção de fortalecer a consciência de classe e ter mais atenção na hora de votar em uma base de representação popular no Congresso Nacional mais progressista, ligada aos interesses nacionais e dos trabalhadores (as). Afinal, como bem diz José Calixto Ramos, presidente da Nova Central, o sindicalismo é uma chama que nunca se apaga e sobreviverá a mais este ataque.
Artigo de Nailton Francisco de Souza é diretor Nacional de Comunicação da Nova Central.